Ricardo Tomé do Grupo Media Capital Digital ao proceder à apresentação dos novos padrões de consumo, marketing e robótica chamou também a atenção para as novas plataformas eletrónicas de locação de veículos, uma vez que o rent-a-car assume-se cada vez mais como um setor fornecedor de sistemas de mobilidade e não mero alugador de automóveis.

No final deste painel ficamos com uma certeza – Nada será como antes e o Mundo não anda para trás.

As empresas deverão contar com uma exigência dos consumidores cada vez maior, fruto sobretudo da troca de experiências nas redes sociais, devendo as empresas fornecedoras estarem preparadas para responder a tais exigências.

Os pontos de venda das empresas já não são locais estáticos abertos das 9,00h às 19,00h, mas permanentemente abertos e visitados simultaneamente por milhões de consumidores, o que permite um aumento de vendas e uma redução de custos e comparar em tempo real o seu desempenho com a demais concorrência.

A promoção e utilização do Digital na relação das empresas de rent-a-car ou melhor empresas fornecedoras de sistemas de mobilidade, com os seus clientes numa época em que algumas ainda mostram resistência sobre a comunicação com os seus clientes, fornecedores e colaboradores utilizando a internet como meio de promoção (sobretudo através dos mídias), venda, contacto com os clientes e também verificar a “temperatura” do mercado, nomeadamente analisando os comentários dos clientes (analisando o que os clientes pensam e desejam) e o que os concorrentes estão fazendo, pois captar e trabalhar estes dados é fundamental para a gestão estratégica das empresas.

Este painel transmitiu assim um alerta para os empresários presentes, sobretudo se tivermos em conta que se trata de um setor em que a clientela turística representa cerca de 60% do seu mercado e em que as plataformas digitais são cada vez mais importantes.

Atenta á digitalização do mercado, a ARAC reiterou o seu pedido aos governantes presentes (as duas tutelas diretas deste setor, a saber – Senhora Secretária de Estado do Turismo e Senhor Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente) no sentido da desmaterialização do contrato de aluguer de veículos.

As empresas rent-a-car têm feito um grande esforço de modernização para acompanhar o desenvolvimento turístico nacional e proporcionar um serviço de elevada qualidade para quem nos visita. O incremento exponencial do número de reservas de aluguer de veículos online comprova que as empresas nacionais estão a acompanhar o desenvolvimento tecnológico e a investir na presença digital. Contudo, as exigências da legislação nacional, nomeadamente a necessidade de formalizar o contrato em suporte de papel, fazem com que o locatário seja confrontado com burocracia e morosidade indesejáveis.

A desmaterialização do contrato permitiria melhorar significativamente a experiência de quem escolhe Portugal como destino turístico e colocar o nosso país como pioneiro na utilização das novas tecnologias no setor da locação automóvel.

Foi com grande entusiasmo que os referidos governantes acolheram a pretensão da ARAC de colocar o setor por si representado na “Era do Digital”.

Sheila Stuyck, diretora de comunicação e inovação da Europcar International Lab, abordou o tema do Digital, apresentando as várias plataformas eletrónicas de locação de veículos existentes no Mundo e o seu desenvolvimento e aplicação, foi a oradora do segundo painel, tendo transmitido que os fabricantes de automóveis introduzem cada vez mais componentes de computação e sensores aos sistemas dos veículos por si produzidos. Os veículos passaram a estar conectados à Internet, como qualquer outro sistema de computação permitido aos seus utilizadores utilizar funcionalidades até há pouco tempo só possíveis em ficção científica.

Estes veículos vão tornar mais fácil aceder à internet, obter atualizações dos mídias, efetuar download de várias aplicações, onde no caso do rent-a-car serão introduzidos guias turísticos com comando de voz e audição à passagem por locais e monumentos com descrição dos mesmos, conversação entre cliente e rent-a-car, introdução de avançados sistemas de conetividade a veículos adaptados à condução por pessoas com deficiência física.

Este tema de grande importância deu-nos a conhecer novas funcionalidades nestes sistemas de mobilidade de aplicação direta na atividade de mobilidade e chamou-nos a atenção para o futuro “já amanhã”.

Luís Araújo que apresentou o terceiro painel falou-os da importância do turismo português e do importante contributo do rent-a-car como parceiro indispensável e integrador deste importante setor de atividade económica já muitas vezes apelidado de motor da economia.

A nível nacional o turismo regista em grande crescimento em todos os indicadores estando os operadores privados e públicos a fazer um bom trabalho, quer na promoção que tem gerado maior captação de turistas, fidelização de quem nos visita e acumulação de experiência traduzida numa melhor conexão com os clientes.

O turismo nacional, à semelhança do que se passa a nível internacional encara hoje o desafio do crescimento prevendo-se um crescimento sustentado até 2020.

Tendo em atenção que mais de metade da população reside em áreas urbanas, as quais prevê-se que irão continuar a crescer, necessitarão de novas, melhores e menos poluentes soluções de mobilidade destinadas a residentes e turistas.

O nosso país como país de grande apetência e importância turística, deverá ter como eixos estratégicos:

a valorização do território, impulsionar a economia, potenciar o crescimento, gerir redes e conectividade e projetar Portugal.

Deveremos proceder ao reforço da acessibilidade ao nosso país e promover a mobilidade dentro do nosso território.

O rent-a-car deverá ser o motor da exploração do destino e promover a desconcentração de turistas, nomeadamente levando-os ao interior do país.

Luís Araújo apontou também a necessidade de existência de maior informação sobre os destinos e os seus recursos nos sites das empresas de rent-a-car.

Para o desenvolvimento e promoção do país pelas empresas de rent-a-car, Luís Araújo apontou também para a necessidade de formação permanente dos colaboradores das empresas de rent-a-car.

Assim o rent-a-car deverá investir na divulgação do país e dos seus recursos, nomeadamente através da parceria entre as entidades públicas e privadas que integram este setor.

Luís Araújo lançou o desafio e disponibilizou-se para ajudar na dinamização desta tarefa.

O quarto painel contou com a presença de Richard Knubben (Diretor de Automotives Affairs da Leaseurope) abordou o tema da transparência e das novas Diretrizes europeias aplicáveis à atividade representada pela ARAC, não deixando no entanto de falar sobre os novos tipos de aluguer de veículos como sejam o carsharing e detalhadamente sobre as várias plataformas de mobilidade.

A União Europeia tem-se preocupado em estabelecer padrões elevados de qualidade e proteção do consumidor em todas as atividades económicas que sejam uniformes em todos os Estados Membros e o setor do aluguer de curta duração de veículos sem condutor não é exceção. A circunstância de se tratar de um serviço muito utilizado pelos cidadãos europeus fora do seu Estado de origem ou de residência faz com que a União Europeia dê especial importância ao rent-a-car.

A Leaseurope, associação europeia do setor, da qual a ARAC é associada, tem vindo a manter o diálogo com as instituições da União Europeia, no sentido de estabelecer as linhas gerais de um futuro Código de Conduta Europeu (Code of Best Practice) para a atividade de rent-a-car. O objetivo deste Código de Conduta é assegurar que todas as empresas a operar no espaço da União Europeia implementam as melhores práticas e que cumpram com a legislação europeia de proteção do consumidor.

Principais matérias que devem constar do futuro Código de Conduta Europeu:

1. Transparência de preços

O princípio da transparência de preços deve ser seguido tanto no momento da reserva como no momento do aluguer.

2. Termos e condições

As condições gerais da reserva e do aluguer devem ser disponibilizados ao consumidor antes de este concluir a reserva. Devem ser redigidos em linguagem simples e acessível para qualquer consumidor.

3. Seguros

Deve ser disponibilizada ao consumidor a informação mais relevante sobre os seguros disponibilizados, tanto os obrigatórios como os opcionais.

4. Política de Combustíveis

A empresa deve informar o consumidor durante a reserva sobre eventuais tarifas de reabastecimento e outros encargos relacionados com combustíveis.

5. Pré-autorização em cartão e cauções

Durante a reserva e nos termos e condições, o consumidor deve ser informado acerca do montante e da finalidade da pré-autorização em cartão de crédito/débito ou das cauções que possam ser solicitadas no momento do aluguer.

6. Coimas

Caso a empresa cobre despesas administrativas para identificação de condutor junto das autoridades competentes e processamento de coimas, deve fornecer essa informação ao locatário.

Foi igualmente abordada a situação dos brokers, pois atualmente, o mercado de reservas de aluguer de veículos de passageiros sem condutor depende bastante da presença online e do recurso a intermediários (brokers), referido a diretiva de transparência aplicável a estes operadores.

Com a intervenção de Richard Knubben reiterou-se o que a ARAC vem transmitindo aos seus associados em matéria de legislação comunitária e que consiste na proteção do consumidor, transparência contratual e utilização do Digital.

Com vista à implementação das novas diretrizes comunitárias a ARAC procedeu já à elaboração de um Código de Conduta contendo os novos procedimentos europeus em matéria de rent-a-car.

Richard Knubben abordou por fim o tema da diretiva de seguros aplicável à atividade de rent-a-car.